Uma ida ao cinema vai sempre bem

by - 8/01/2018

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PORTO ALEGRE, RS — O cinema é uma das mais completas formas de arte: une as imagens da fotografia, a atuação do teatro e a narrativa da literatura para contar histórias que educam e encantam milhões de pessoas mundo afora. Aprenda um pouquinho mais sobre o assunto para absorver tudo o que os filmes podem trazer de bom para o seu dia-a-dia.

Entretenimento. Cultura. Diversão. Conhecimento. Emoção. Todos estes substantivos podem ser aplicados quando se fala de cinema. E, pensando bem, por que não incluir entre eles “bem-estar”? Afinal, seja em um momento mais introspectivo, quando se deseja refletir a respeito de algo, ou quando se está rodeado de amigos, na expectativa por horas de muita descontração, o cinema pode ser nosso companheiro. E isso definitivamente pode ser considerado bem-estar.

Desde o advento do cinematógrafo – primeiro aparelho a registrar fotogramas em sequência, com o objetivo de criar a ilusão do movimento –, inventado pelos irmãos Lumière, em 1895, na França, o cinema evoluiu e encantou multidões mundo afora. Algumas vezes, servindo como um espelho da realidade. Em outras, como uma maneira “viva” de interpretar sonhos e fantasias.

Para o cineasta e professor universitário Carlos Gerbase – que também é um dos diretores da Casa de Cinema de Porto Alegre –, ver bons filmes é tão importante quanto ler bons livros ou ouvir boas músicas. Ele acredita que a arte é uma maneira de entender o mundo em sua complexidade. “O cinema é, ao mesmo tempo, intelectual e emocional, apela para o raciocínio e para os sentimentos. Talvez por isso seja tão poderoso,” reflete.

O crítico Rubens Ewald Filho vê o cinema como uma janela aberta para o mundo. “Com os filmes, pode-se aprender muito sobre outras culturas e países. É, sem dúvida, um instrumento de transformação da sociedade. Mas também pode ser perigoso se cair nas mãos de pessoas erradas, como um ditador, por exemplo,” pondera.

Gosto não se discute

Como qualquer tipo de arte, o cinema também pode ser bastante subjetivo. Ou seja, um filme ou gênero cinematográfico considerado ótimo por uma pessoa pode ser ruim para outra. A velha máxima “gosto não se discute” pode estar desgastada, mas continua verdadeira. O importante mesmo é escolher obras capazes de transmitir aquilo que se espera em cada momento – seja emoção, aventura, fantasia, romance ou qualquer outro sentimento. “Não acho que um gênero seja melhor que outro, mas em cada fase de nossa vida temos preferências diferentes,” afirma Rubens. Para o crítico, o gosto é desenvolvido e adquirido, e tudo ocorre no seu tempo certo.

Outra dica importante para aproveitar melhor a experiência de ver filmes é entender como eles são feitos. Tudo começa a partir de um roteiro, onde são descritas as cenas e os diálogos que contarão uma história. A partir daí, são definidos elenco, locações, figurino, fotografia, entre outros aspectos, sempre sob a liderança do diretor. Para Gerbase, a melhor maneira de procurar bons filmes é prestando atenção nesta figura fundamental para a realização cinematográfica. “Se o espectador gosta de um filme, deve anotar quem o dirigiu e buscar outros com a mesma assinatura. Nem sempre vai dar certo, mas é um caminho para encontrar obras interessantes,” aponta.

Nossas salas de cinema

Com o avanço tecnológico, as salas de cinema do Brasil também evoluíram. “Antes dos ‘multiplexes’ não se ouvia o som, era um absurdo”, recorda Rubens. Porém, para o crítico, o país ainda precisa de salas populares, voltadas para o público mais humilde. Gerbase tem a mesma opinião. “A ida dos cinemas para os shoppings fez com que aumentassem a qualidade técnica e o conforto, mas as classes C, D e E ainda não conseguem frequentá-los, em função dos altos preços dos ingressos”, diz.

Aprenda assistindo

O crítico e o cineasta dão algumas dicas de filmes essenciais para quem deseja aprender a apreciar o cinema de forma mais profunda. Algumas das sugestões acabaram sendo iguais, o que comprova a qualidade das obras recomendadas. Confira!

Rubens Ewald Filho

- Oito e Meio, de Federico Fellini (1963)
- 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968)
- A Malvada, de Joseph. L. Mankiewicz (1950)
- Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder (1950)
- Rashomon, de Akira Kurosawa (1950)
- O Ano Passado em Marienbad, de Alain Resnais (1961)
- Terra em Transe, de Glauber Rocha (1967)
- Ladrões de Bicicletas, de Vittorio De Sica (1948)
- Cantando na Chuva, de Gene Kelly e Stanley Donen (1952)
- Amor, Sublime Amor, de Jerome Robbins e Robert Wise (1961)

Carlos Gerbase

- Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder (1950)
- Cantando na Chuva, de Gene Kelly e Stanley Donen (1952)
- O Poderoso Chefão (Partes 1, 2 e 3), de Francis Ford Coppola (1972, 1974 e 1990)
- Caminhos Perigosos, de Martin Scorsese (1973)
- O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman (1956)
- Luzes da Cidade, de Charles Chaplin (1931)
- Ran, de Akira Kurosawa (1985)
- O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci (1972)
- Interiores, de Woody Allen (1978)
- Pauline na Praia, de Eric Rohmer (1983)
Além de todos os filmes do diretor Stanley Kubrick.

Publicada na revista Panvel Sempre Bem nº 9, editada pela Giornale, em março/2009

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